quarta-feira, 19 de março de 2014

A Fadinha Contadora de Histórias




Era uma vez uma fada que gostava muito dos humanos, e procurava orientá-los a seguir a estrada que não lhes traria dissabores. Contudo, a gentil fadinha não tinha permissão para interferir em suas vidas e, muito menos, revelar sua verdadeira identidade. Ela teve uma ideia: sempre que visse pessoas reunidas, ela se aproximaria para contar-lhes uma história e, no final, entregaria uma rosa a cada uma delas. E a fadinha contadora de histórias passou a ser convidada para participar de vários eventos. E, sempre, ao término de todos eles, ela distribuía uma rosa para cada espectador. Certo dia, uma garotinha, após receber sua rosa, perguntou à fada por que ela tinha esse hábito, e a fada respondeu: “As rosas, que eu ofereço em número reduzido, geralmente mudam de mãos e acabam chegando a um grande número de pessoas. Embora essa rosa seja sua, eu tenho a certeza de que você já está pensando em ofertá-la a alguém que você ama. Talvez a pessoa que a receba de suas mãos também sinta vontade de entregá-la a outro alguém. E, assim, essa rosa alegrará os olhos e o coração de muitas pessoas. O mesmo acontece com as histórias quando são recontadas. Os ouvidos que os meus lábios não conseguirem alcançar receberão os ensinamentos através de outros lábios amorosos.”



Desenho de Ketlyn Mayla


História de Sisi Marques

sexta-feira, 14 de março de 2014

As Crianças e a Bruxa Rosnilda



No coração da floresta encantada,
Existia uma bruxa sempre atarefada,
Que vivia a dizer: “Odeio crianças!”

E a bruxa ranzinza, enquanto dava voltas
Em torno de sua vassoura, resmungava:
“Odeio crianças! Elas parecem milho de pipoca:
Logo se aquecem e começam a pular!”

E as crianças, que interrompiam
Os afazeres da bruxa Rosnilda,
Gesticulavam, gritavam e riam
Quando ela começava a se descabelar.

E, para irritá-la, cantavam:
“Odiamos a bruxa Rosnilda,
Que de tudo sempre reclama.
Odiamos a bruxa Rosnilda,
Porque ela não nos deixa brincar.
Somos crianças felizes e,
A vida dela, poderíamos alegrar.”

Enxotando-as com sua vassoura,
Rosnilda enrubescia e dizia:
“Xô, xô, crianças! Afastem-se de mim,
Porque de alegria eu não preciso.
Se não se forem, farei um feitiço
Que as transformará em anões de jardim.”




Desenho de Ketlyn Mayla


Poema de Sisi Marques

As Máscaras de Gerânio

   


Gerânio era um homem bem dissimulado.
Quem o conhecia, em sua palavra, não acreditava.
Mas quem ainda não havia provado do veneno
De seus disfarces; de sua falsidade, não escapava.

Gerânio nascera para ser ator,
Mas o seu palco era a vida.
Ele tanto mentia que depois
Não se lembrava mais
Do que dissera.

Mas isso não o embaraçava,
Porque ele tornava a mentir.
Mas, certo dia, Gerânio
Mentiu para uma bruxa,
E ela o enfeitiçou.

Toda vez que ele mentia,
A expressão que ele fazia,
Em máscara se transformava,
E, no chão, ela caía.

Todo sem graça por ter sido
Apanhado em sua mentira,
A máscara, ele recolhia
E, de fininho, ele saía.

Mas Gerânio não tinha jeito
E, da situação, tirou proveito:
As máscaras para o carnaval,
Ele começou a vender.

Esta história parece mentira,
Mas a lojinha de Gerânio
Floresceu da noite para o dia.
Se você não acredita,
Eu posso levá-lo até lá.



Desenho de Ketlyn Mayla

Poema de Sisi Marques

A Corujinha que não sabia ler


Era uma vez uma coruja... Ei, espere um momento... Corujas são inteligentes, não são? Sim, mas essa coruja não parecia muito esperta; pelos menos, não no início.

Juju era uma encantadora corujinha que não sabia ler. Isso era um problema, porque havia cartazes por todos os lados na floresta, e os animaizinhos consultavam Juju, para saber o que diziam aqueles cartazes, e ela mentia. Sim, ela mentia descaradamente. Bem, talvez não mentisse; apenas inventasse para não decepcionar os amigos. Afinal de contas, corujas são ou não são inteligentes?

Felizmente, ninguém se prejudicou com suas mentiras. E ela também, dependendo do lugar onde o cartaz havia sido colocado, tinha boa intuição para imaginar o que ele dizia. Mas e se um dia a sua intuição falhasse? E se um dia as suas mentiras levassem à perda de um animalzinho da floresta? Não, isso não poderia acontecer; porque, se acontecesse, ela jamais se perdoaria. Então, para evitar o pior, Juju resolveu aprender a ler. Mas como?... Assistindo às aulas da escola da cidade. Do lado de fora, é claro, mais precisamente, pousada no peitoril da janela. E as crianças, todos os dias, deliciavam-se ao ver a corujinha com os olhos colados nas explicações da lousa. Com o tempo, pararam de notá-la; mas Juju continuava ali, firme e interessada em aprender.

A corujinha provou ser muito inteligente. Fez mais do que aprender. Começou a lecionar e escreveu uma cartilha que apresentava primeiro as letras do alfabeto; depois, relacionava cada letra a um serzinho da floresta, para que todos pudessem memorizar as letras com mais facilidade.

Quando digo seres da floresta, naturalmente, também estão incluídos os elfos, os gnomos, os duendes, as fadas e por que não a curiosa bruxa? Todos quiseram aprender. E aprenderam. Depois de juntar as letras para formar as palavras, começaram a juntar as palavras para formar as frases. Mas a corujinha, ao perceber que os dizeres pareciam mortos, acrescentou na cartilha um capítulo todinho sobre pontuação. Foi aí que tudo ganhou vida e começou a fazer sentido.

Não demorou muito para que todos na floresta começassem a se sentir mais tranquilos e seguros, porque agora conseguiam ler os cartazes de avisos. E também, com o passar do tempo, sentiram-se até mais felizes, porque começaram a registrar, através da escrita, as ideias e histórias maravilhosas que lhes visitavam a imaginação.

E a corujinha Juju, além de se sentir aliviada por não precisar mais mentir, viu o seu esforço recompensado; mais do que isso, sentiu o coraçãozinho estremecer no peito ao receber um poema escrito, com todo o amor, pelo Dr. Corujão.


F   I   M





Desenho de Ketlyn Mayla


História de Sisi Marques

quinta-feira, 13 de março de 2014

Desenho (7) - Ventinho


O Despertar de Ventinho

Desenho (6) - Bruxa Rosnilda


As Crianças e a Bruxa Rosnilda

Desenho (5) - Princesa Alvorada


O Despertar de Ventinho

Desenho (4) - Lorenço



A Milésima Primeira Pá de Terra




O Misterioso Ser de Duas Faces

Desenho (3) - Bruxa Lindalva


Serafim e a Bruxa Lindalva

Desenho (2) - Gerânio


As Máscaras de Gerânio

Desenho (1) - Corujinha Juju


A Corujinha que não sabia ler